segunda-feira, 31 de julho de 2017

O Cine-Incrível...


Embora este poema seja dedicado à memória do Cine-Incrível", Romeu Correia acaba por surgir, quase como personagem secundária, porque uma das nossas conversas foi sobre uma das últimas fitas exibidas nesta sala história de Almada, e que aparece por isso no poema...


O Cine Incrível
  
A solidão e o silêncio enchem a sala vazia,
Há tanto tempo sem contar histórias…
A sujidade e o abandono apagaram a magia
Que ainda permanece nas nossas memórias

Foram quase setenta anos de exibições!
Tantos actores e actrizes inesquecíveis
Que fizeram bater forte tantos corações
Nas “matinées” e “soirées” Incríveis…

Sem medo das teias de aranha e do pó
Sentei-me numa das cadeiras do balcão
E fiquei por ali, à espera, completamente só
Que surgisse no “lençol” qualquer exibição.

Não se fez luz mas surgiu-me uma história
Com um escritor almadense, que escreveu
Peças, contos e romances de boa memória,
Era sobre “A Lista Negra” e com o Romeu.

E se ele me falou de filmes inesquecíveis
Coloridos com mil e uma recordações
Que alimentaram tantos sonhos incríveis.
Pois foram quase setenta anos de ilusões!

Luís [Alves] Milheiro

(Fotografia de Luís Eme)


sábado, 22 de julho de 2017

"Poeta Precisa-se" de Romeu Correia


Publicamos mais um poema da autoria de Romeu Correia do álbum, "Luisa Basto Canta Romeu Correia":


Poeta  Precisa-se

Preciso de um um poeta!
É urgente um poeta para esta minha voz.
Eu apelo a um poeta
Que diga não à fome
à guerra,
à exploração dos pobres e das crianças.
Um poeta para a minha voz abrir caminho
à felicidade dos homens!
à felicidade dos homens!
Tantos poetas no meu país !
O meu país é um país de poetas.
Mas tu meu irmão , onde estás?
Mas tu meu irmão onde estás?
É urgente um poeta!
Não um qualquer poeta,
um que me traga a palavra viva, necessária
para este meu canto!
Um poeta para a minha voz abrir caminho

à felicidade dos homens! 

Romeu Correia

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Os "Bonecos de Luz" de Fernando Barão


Em 1978 Fernando Barão publicou o poema "Bonecos de Luz" no jornal "Praia do Sol", dirigido por António Correia, homenageando Romeu Correia, que neste ano recebeu a Medalha de Ouro da Cidade de Almada.


Bonecos de Luz
  
Continuam a ser de luz
Os teus bonecos
Mas de luz escarlate,
Porque o sangue
Palpita nas suas entranhas,
Disseste sempre, não,
Aos bonecos de serradura:
E esses, estavam
Vazios de cor.
Não falavam
Não gesticulavam
Não levantavam
Os olhos
Nem os punhos.
Nos teus bonecos, Romeu,
Existe vida.
Há inspiração,
Há uma felicidade
Conjunta…
Nos teus bonecos, Romeu,
Há esperança
A esperança da nova luz,
Da luz,
Que há-de inundar
Um dia
A Humanidade.

Fernando Barão


domingo, 9 de julho de 2017

O "Regresso ao Ginjal" de Romeu...


No ano em que Romeu faria 90 anos (2007), escrevemos este poema:


Regresso ao Ginjal
  
Mesmo com o Sábado Sem Sol,
Não escondeu a emoção,
No regresso ao Cais do Ginjal...

Saiu do Alfa-Romeo
E deu Um Passo em Frente,
Com as mãos escondidas
No Casaco de Fogo.

Assim que espreitou o Ginjal
Recordou quase tudo,
De uma infância livre e feliz:
Dos primeiros jogos do Desporto-Rei,
Dos passeios de Jangada pelo rio,
Dos espectáculos de Bonecos de Luz,
Das oficinas dos Tanoeiros,
E claro, dos primeiros amores...
Sim, lembrou-se da Roberta,
Mas principalmente da Laurinda,
O seu Amor de Perdição,
A quem chamava: «O Céu da Minha Rua».

Mas também se lembrou de outras
Personagens inesquecíveis.
Era impossível esquecer
O José Bento Pessoa,
Fadista do Trapo Azul
E contador de histórias do Bocage
Ou o Jorge Vieira, conhecido
Como o Vagabundo das Mãos de Ouro,
Por transformar qualquer objecto perdido,
Numa obra de arte.

Os olhos estavam mais brilhantes
Que nunca, neste regresso a casa,
Cansado da sua vida de
Andarilho das Sete Partidas...

                                                    Luís [Alves] Milheiro


Viajámos por alguns títulos e lugares, e nem faltou um "Alfa-Romeo"...

(Fotografia de autor desconhecido)

quinta-feira, 6 de julho de 2017

A "Balada Ecológica" do Romeu


Como já contámos por aqui, Romeu Correia em 1987 escreveu vários poemas para o álbum " Luísa Basto Canta Romeu Correia", lançado em sua homenagem, na passagem do seu 70.º aniversário. Publicamos um que, embora não queira nada com a rima, ele fez questão de que fosse cantado (era o preferido dos netos, ainda pequenotes na época...).

Balada Ecológica

Tejo meu, rio nosso, Tejo amigo,por que corres tão sujo, poluído ?
Por que corres tão sujo, poluído ?  
Teus peixes, teus peixinhos e peixões
viviam tão felizes e comiam-se
tão fraternalmente. (bis)
Que saudades dos belos golfinhos
a bailar sobre as ondas…
Que é das ostras, camarões e lagostins?

Tejo meu, rio nosso, tejo amigo, por que corres tão sujo, poluído?
Que é das ostras, camarões e lagostins?

Tejo meu, rio nosso, tejo amigo, por que corres tão sujo, poluído?
Tejo meu, rio nosso ,Tejo amigo
que te fizeram os   homens,
alguns homens de negócios ?
Guerras  e tramoias ! Guerras e tramoias !
Ó meu Deus olhai pelos peixinhos deste mundo
e castigai os homens tubarões
glutões,  insaciáveis e perversos.

Tejo meu, rio nosso, Tejo amigo, por que corres tão sujo, poluído ?
Tejo meu, rio nosso, Tejo amigo…

Romeu Correia

Nota: Deixamos aqui um agradecimento especial à professora Edite Condeixa, que nos cedeu este poema e é (felizmente) uma das grandes activistas das comemorações do Centenário do Romeu.

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, 3 de julho de 2017

A Poesia com e de Romeu...


Neste mês quente de Julho escolhemos a Poesia, com e de Romeu Correia, para o homenagear.

E começamos por um poema descoberto hoje no blogue do Agrupamento de Escolas Romeu Correia, escrito por uma menina, Inês Carvalho, aluna do sétimo ano de escolariedade da turma A, que sintetiza de uma forma bonita a vida de Romeu...

Romeu Correia (pelo olhar da Inês…)


A 17 de novembro
Nasceu
Um rapaz chamado
Romeu

Foi desportista
Escritor
Um ficcionista
Com esplendor

No atletismo
Fez competição
E no boxe
Foi campeão

De contos e romances
Foi escritor
Mas o teatro
Era o seu grande amor

Com Almerinda
Casou
E nas corridas
A treinou

Ela correu e
Venceu
Graças ao seu
Romeu


A ilustração que escolhemos é a mesma que ilustrou este poema no blogue da Escola, com a devida vénia à autora, outra Inês, a Inês Torrão, aluno do sexto ano de escolaridade .